Observando meu viver

Wednesday, July 11, 2007

Normal


Cada vez que o Sol brilha, eu vivo outra vez. Minhas saudações pro cara que inventou os prédios e para o primeiro que provou as alturas, as vezes acho que vem daí o meu deslumbre com o mundo.
Desde que eu comecei a trabalhar no segundo andar, é só eu olhar pra frente, que eu já estou no céu, sem esforço, com toda a sua grandeza e com o seu azul sem igual.
Acabo adorando estar no céu, e quando ele não está sorrindo pra mim, eu finjo que ele não existe.
Acostumei com o bem e com o bom sempre. Acostumei, a ganhar mais do que perder, a rir mais do que chorar, a olhar pra tudo mais do que ignorar, a ouvir mais do que falar, a abraçar mais do que só encostar, a amar mais do que só gostar, a correr e não só esperar...acostumei com tantas coisas, que quando não está tudo assim, radiante, eu fico com a sensação de que está tudo errado.
Na verdade, não ta radiante, ta normal. Mas não o meu N o r m a l.
Dias sem fortes emoções, sem respiração profunda e transbordante de satisfação, dias sem novas descobertas, sem aproximações fascinantes, sem descobertas que precisaram de tempo pra digerir, dias sem achados e sem perdidos. Almoços comuns, sem aquele riso desmedido. Dias com noites comuns, com alegriazinha, mas não aquela que me tira o sono e faz eu dormir torcendo pra noite acabar logo, porque eu quero o dia de novo.
Dias comuns, uma quietude atípica, um estado de nada. Acho que é indiferença, um ar de “tanto faz” que não me pertence, uma despreocupação que nunca esteve aqui.
Estou me tornando outra a cada dia, sou provisória, mas agora parece que essas mudanças são inerentes a minha vontade, parece que eu perdi o controle.
Parece que eu estou aqui parada assistindo tudo isso acontecer, sem poder para tornar as coisas diferentes e melhores.
Será que eu caí do meu céu? Ou teria ido eu para um céu maior. Ainda não sei. Talvez eu esteja flutuando entre um céu e outro, pra decidir em qual mesmo que eu quero ficar.
Ontem fui ler o Gabriel – O Pensador, estava com saudades dos escritos dele, deixo aqui um trecho, de tantos que eu queria ligar pra todo mundo e ler em voz alta “é isso que eu estou sentindo”.

Nessa Vida

Solto na ladeira eu solto o freio de mão
E ando sem as pernas porque eu tenho coração
Eu vou com o coração e com o coração eu vôo
Eu vou de coração e de coração eu dôo
o meu próprio coração e a vida que ele tem
que também foi doação, que eu recebi de alguém
- O presente valioso que é viver
Que a gente ganha e perde sem perceber
Que a gente adora e não sabe agradecer
Ou agradece e se esquece de fazer por merecer
A vida é uma carta sobre a mesa
E quantas tristezas ela obriga que eu suporte!
E quantas jogadas nós erramos realmente
Nesse jogo de azar e sorte, nascimento e morte?
(...)

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Keep up the good work.

6:02 AM  

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